A Prisioneira do Tempo é um romance de Patrícia Madeira que retrata a história de Manuela, uma jovem que após um momento de extrema angústia viaja no tempo e vai viver para o Brasil do século XIX.

Manuela é uma mulher que vive em Portugal no século XXI. É casada com Henrique e trabalha como psicóloga.
Numa saída à noite, Manuela recebe uma notícia muito triste, a sua mãe faleceu. Este acontecimento levam a nossa protagonista a uma dor profunda, e sem que saiba muito bem como viaja no tempo e vai parar ao século XIX ao Brasil.
Quando Manuela acorda desta viajem no tempo, dá conta que não se encontra no mesmo espaço onde desmaiou e começa a ficar preocupada, uma vez que a sua prioridade é velar o corpo da mãe.
Nesta época, Manuela conhece Teodora que acaba por ser uma boa amiga para a nossa personagem que terá que se adaptar a um tempo completamente diferente daquele que ela viveu.
Teodora também será a ligação de Manuela a diferentes personagens, que posteriormente serão fundamentais para o enredo deste livro, como é o caso de Francisco, que será o grande amor de Manuela e viverá juntamente com a nossa personagem uma linda história de amor.
Manuela ao longo do livro será confrontada com diferentes desafios relacionados com os valores que defende. A escravatura será um desses desafios, assim como o abandono de crianças e a afirmação enquanto mulher.
Apesar de ter viajado de pleno século XXI para esta época tão dispara daquilo que ela conhecia, Manuela consegue assumir uma postura adaptada, embora por vezes tente se afirmar e levar as suas ideias a ser ouvidas.
Estava com algum receio que ao longo da história o discurso das personagens fossem plenas aulas de história, no entanto isto não aconteceu. A autora conseguiu interligar a parte verídica com a parte de ficção de uma forma natural e perceptível para nós leitores.
A parte que menos me identifiquei nesta história esteve relacionada com a parte do romance entre Francisco e Manuela, considerei bastante fogosa, logo desde o início, apesar de estas duas personagens se estarem a conhecer. Acho que este factor também esteve relacionado com o facto de saber que a protagonista era casada e se ter desapegado da sua vida passada de uma forma tão rápida.
Adorei as partes do livro que envolviam a corte portuguesa e as personagens reais da nossa história, gostei muito da forma como estas personagens foram trazidas para este enredo e se relacionaram com as personagens ficcionadas.
Este foi um livro cheio de boas surpresas que me envolveu desde a primeira página, cheguei ao final das 850 páginas a querer mais e ansiosa pela continuação desta história.
Não o achei maçador e considerei o romance bastante equilibrado para uma obra deste tamanho.
A protagonista assume um papel de coragem ao longo de toda a obra, o que é fantástico uma vez que vai tentar sair de determinadas confusões onde se coloca de uma forma adequada para a época que está a viver.
Quanto a Francisco, ao longo do livro, ele vai viver um dilema pessoal associado à defesa da coroa portuguesa na governação da colónia- Brasil.
Mesmo as personagens secundárias têm um papel fundamental no enredo da história e adorei cada uma delas.
Esta leitura foi tão prazerosa que considero equivalente à obra de Miguel Sousa Tavares – O Equador, o livro que mais gostei de ler.
Recomendo a leitura deste livro não só pelo enredo mas também pela forma como está conseguida, é sem dúvida alguma uma obra que devemos ler.
Boas leituras e boas reflexões!
http://youtube.com/c/abrirolivro/

Fátima Costa
Educadora Social, desportista por hobby e leitora por paixão.
Este é um espaço de partilha de opinião acerca das leituras que realizei e que tem como objetivo a estimulação da vossa leitura.